Há algum tempo, várias pessoas me pedem para falar sobre o papel sistêmico dos animais de estimação e nas nossas vidas.
Não existe muita literatura sobre o tema.
O que vou compartilhar são minhas experiências como consteladora e como aluna (dentro de vários seminários e cursos que participei).
Não sei se todos sabem, mas existe uma força inconsciente, que, na constelação familiar, chamamos de consciência coletiva ou grande alma familiar, que atua de forma oculta nos membros de um sistema familiar. Essa força zela pelo equilíbrio de 3 leis sistêmicas que Bert Hellinger chama de Ordens do Amor.
O importante aqui é saber que além de seus desejos e vontades pessoais, da sua consciência pessoal (EU), existe uma força coletiva que também influencia na sua vida, ok?
Como ela atua? Basicamente, ela escolhe descendentes, ou pessoas que entraram por último em um sistema familiar (consciência coletiva) para “resolver” as desordens das leis que mencionei acima.
Por exemplo, um luto não vivido na geração dos avós, pode ser sentida através de seus netos. É como se os netos vivessem um estado emocional semelhante a um luto, porém sem ser proveniente de uma perda atual. E isso ocorre porque para a consciência coletiva, o todo é mais importante do que os indivíduos. Então, para essa consciência não há problema nenhum em você sentir aquilo que seus avós negaram, para que o equilíbrio volte a reinar no grupo.
E onde os nossos queridos bichanos entram?
Eles entram na função semelhante aos descendentes. Identificam-se com algo que aconteceu lá atrás, e tenta resolver para você. Ao invés de você se identificar com a desordem, seu bichinho o faz. Tudo de forma inconsciente.
Um bom exemplo é a quantidade de bichanos doentes. Uma doença que poderia ter acontecido com você, mas de alguma forma, seu animal de estimação disse inconscientemente para você: “deixa que eu cuido disso.” E a doença de manifesta como uma forma de compensar a desordem sistêmica familiar. Talvez, se você tivesse um filho, poderia ser seu filho dizendo internamente essa frase (descendente).
É comum me procurarem para constelar questões de animais de estimação. Por exemplo, doenças e mortes. E existem muitas dinâmicas atrás de tudo isso. Uma vez constelei uma moça que tinha um cachorro que estava com câncer no intestino. No meio da constelação, o representante do cão se identificou com o representante do marido dela. Ela me olhou e disse: “meu marido está com câncer de intestino e não estou dando conta da situação”.
Outra vez constelei uma pessoa que perdeu 3 cães. E ela não estava sabendo lidar com a morte deles. Durante a constelação o representante da morte dos cães olhava para o pai da cliente, enquanto que a representante da cliente não olhava. Então perguntei o que havia com ele. Ela respondeu que ele tinha uma doença degenerativa sem cura e que era muito difcífil até mesmo ela visitar o pai. Com o final da constelação, ela entendeu que os cães que morriam precocemente só estavam querendo ajudá-la a olhar para morte do pai de um jeito diferente, sem temor. E quem sabe assim, apreveitar o tempo que resta com ele.
Lembro-me de uma cliente que não conseguia engravidar. Tinha feito todos os exames e tratamentos, inclusive fertilização in vitro, porém nada de ter seu bebê. Meses depois ela apareceu no grupo contando que tinha ganhado um cachorro. Até aí tudo bem. Depois de um tempo ela chegava no grupo falando do seu “filho”, e nas próprias redes sociais, postava a foto do “filho” comendo, brincando, dormindo com seus pais… Na verdade o cachorro substituiu o filho, e era tratado como uma criança. O cão não estava livre para ser apenas o amigo, o cão, ele estava à serviço desse casal, e talvez de outras dinâmicas ocultas desse sistema; ligado à crianças.
Eu tinha uma tia que cuidava de mais de 30 cachorros. Todos que passavam na casa dela deixavam um cão no seu quintal e ela foi adotando todos. Durante muito tempo eu me perguntava, quem esses cães representavam da nossa família? O que aconteceu lá trás, que eles surgiram dessa forma na vida dela.
Os nossos animais de estimação estão à serviço de nosso sistema familiar, ou seja, eles querem ajudar a arrumar a bagunça da casa. E quanto mais tratamos um animal como “gente” mais ele se identifica com uma pessoa. Isso é muito real. Pode ser uma criança, um bebê, ou outra pessoa do sistema. Isso significa que ele não está livre para ser quem ele é: um cão, um gato, um peixe…
Perceba como você trata seu bichinho, o que ele desperta em você, e quais são as dinâmicas emocionais e comportamentais (além de físicas) que ele manifesta. Pode ser grandes informações pedindo por cura e integração e aí cabe a você, como um adulto, tomar a decisão interna de cuidar desses assuntos e deixar seu bichinho livre.
Se você for compartilhar o texto, por favor, cite a fonte.
Grata
Aline